Se amar cansa mais que treinar

 Oi, diva! 🪞


Vamos bater um papo mais intímo?


Quando me olho no espelho hoje, tem dias que mal me reconheço. Sabe aquela sensação de se ver diferente do que realmente é, ou nunca estar confortável com o que vê? Pois é. A relação que tenho com o meu corpo sempre foi complicada e sei que muita gente se sente assim também.


Na adolescência, passei por um quadro de anorexia. Pesei 45 kg. E, mesmo assim, ouvi que estava com um corpo "normal". É bizarro pensar que a gente pode estar tão no limite, e o mundo ainda achar que tá tudo bem. No fundo, eu sabia que algo tava errado. Mas quando todo mundo à sua volta reforça o contrário, você começa a duvidar de si.


Hoje, com 92 kg, percebo que a distorção continua ali, só que em outra forma. Me vejo maior do que sou. Em alguns dias, me acho desproporcional. Em outros, me sinto invisível. Não é o corpo que muda, é o olhar. E esse olhar, aos poucos, fui entendendo que tem nome: distorção de imagem.


autor desconhecido


E olha... essa percepção não vem só do espelho. Vem do que a gente escutou por anos. Do que viveu. Dos comentários da família, das falas atravessadas em relacionamentos, das comparações que a gente faz no automático. Vem daquele ex que te chamou de gorda no auge dos 65 kg. Do pai que liga e sempre comenta do seu peso. Da mãe que cresceu vendo programa de fofoca que julga o corpo das outras mulheres. Tudo isso vira uma lente. E essa lente distorce.


E aí tem as redes sociais. Filtro, corpo perfeito, legenda motivacional. A gente se pega querendo caber em algo que nem existe. A comparação é cruel. E o espelho vira um tribunal.


O problema piora quando até quem poderia ajudar reforça o padrão. A Gabriela Pugliesi passou anos vendendo um estilo de vida fitness quase impossível. A Mayra Cardi transformou dieta extrema em produto. A Maya Massafera, mesmo trazendo pautas importantes, também alimentou debates sobre estética e procedimentos. Sem perceber, a gente vai absorvendo tudo isso e acreditando que está atrasada porque não vive uma transformação de feed.


Conversei sobre isso com a nutricionista e bodybuilding coach Pri Martins (@prifenutri), que trouxe um olhar importante de quem vive esse cenário no dia a dia:

Sim, é mais comum do que se imagina. Mesmo com evolução clara, medidas reduzindo, mais tônus, mais disposição, muitas mulheres ainda se olham no espelho e se sentem ‘inadequadas’. Isso acontece porque a autoimagem não muda na mesma velocidade que o corpo. A mente leva um tempo pra se atualizar. Muitas vezes, o padrão de comparação (ainda mais hoje em dia com as redes sociais) é tão exigente que mesmo um corpo normal, forte e saudável não parece ‘suficiente’. É como se o progresso nunca fosse o bastante. Por isso, no meu atendimento, eu sempre incluo reflexões sobre o porquê daquela meta, e como ela se encaixa na vida real da paciente, não só no espelho.


Enquanto isso, vendem soluções "milagrosas": criolipólise, cinta, detox, procedimento e assim segue uma infinita de milagres. Como se o corpo da mulher fosse um projeto em reforma eterna. Eu só queria me sentir confortável. E isso parece pedir demais.


A Priscila comentou sobre o que suas pacientes mais ouvem:

Fora que sempre ouvimos: ‘ah, mas fulana está velha demais’, ‘jovem demais’, ‘com procedimento demais’, ‘natural demais, não se cuida’. Parece que, não importa a idade ou a escolha, sempre haverá alguém pronto pra julgar. Mas o verdadeiro cuidado começa quando a gente silencia o barulho de fora e escuta de verdade o que faz sentido pra nós. Cada corpo tem sua história, seus desejos e seu tempo. E é isso que deve guiar qualquer processo de mudança.


Hoje, tento ser mais gentil comigo. Nem sempre consigo. Mas aprendi a me perguntar: será que é assim que sou ou só como estou me sentindo hoje?


Uma das coisas mais reais que já ouvi foi: distorção de imagem é quando você vê uma foto antiga e pensa “nossa, como eu tava linda”, mas lembra que, na época, se sentia horrível. Esse é um dos maiores sinais de que talvez a forma como a gente se enxerga não seja tão confiável assim.


Pri também trouxe um ponto importante sobre metas e saúde mental:

Existe sim, e o limite é bem sutil. Cuidar do corpo é importante, mas quando isso começa a gerar culpa, obsessão, comparação excessiva… é sinal de que o foco mudou. Começa como saúde e vira cobrança. Nas consultas eu costumo trazer a pergunta: ‘essa meta está somando ou drenando sua energia?’. Porque não adianta buscar um ‘corpo ideal’ se, no processo, a gente perde autoestima, leveza e prazer em viver.


No fim, o mais importante é lembrar que nem toda meta estética é, de fato, saudável. E que o verdadeiro progresso também é emocional: se aceitar, se respeitar e viver com mais leveza, mesmo nos dias em que o espelho insiste em dizer o contrário.


Se você sente que a forma como se vê tem te feito mal, pode ser um bom momento para conversar com um profissional: psicólogos, nutricionistas e especialistas em imagem corporal podem ajudar a entender melhor o que está por trás desse desconforto. Cuidar da imagem também é aprender a se olhar com mais carinho e menos cobrança.

Me conta aqui nos comentários se você já passou por algo parecido. Vamos conversar sobre isso e nos acolher.

Beijos!💛✨

Um comentário:

  1. Reflexões importantíssimas que vão além dos padrões vistos nas redes sociais !!! Arrasaram

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